Empresas de Propósito: Colin Mayer e Ecossistema de Impacto Social debatem Sustentabilidade
Publicado em 25/09/2025

Na manhã desta quinta-feira (25), a PUC-Rio promoveu, em parceria com o Rio de Impacto, o Observatório dos Negócios de Impacto Social e Ambiental do Estado do Rio de Janeiro e com a Rede Academia ICE, um encontro internacional com o professor Colin Mayer, da Said Business School, Oxford University, referência mundial em debates sobre propósito empresarial. O evento reuniu pesquisadores, empreendedores, gestores públicos e organizações ligadas ao ecossistema de impacto, com foco em alinhar lucro, propósito e sustentabilidade.
A abertura destacou o alinhamento entre ensino, pesquisa, extensão e impacto social, ressaltando a importância de evitar práticas de greenwashing.
Propósito e lucro: a reflexão de Colin Mayer
Em sua fala, Mayer fez uma crítica contundente à lógica tradicional de maximização do lucro, que ignora externalidades sociais e ambientais. Para ele, “o lucro deve ser consequência do propósito de progresso”, e não um fim em si mesmo. O professor apresentou o arcabouço SCORE – Simplificar, Conectar, Pertencimento (ownership), Recompensa e Exemplificar – como guia para empresas que desejam criar valor a partir da solução de problemas.
Mayer também defendeu a necessidade de uma contabilidade mais ampla, que considere capitais natural, social e físico. Ele apontou os limites das atuais diretrizes internacionais e a urgência de métricas que realmente capturem impactos.
Casos práticos e medição de impacto
Na sequência, Miguel de Almeida apresentou as iniciativas da Zello Ambiental, climatech que atua com compostagem e créditos de carbono. Foram destacados projetos de compensação da pegada de carbono em eventos como o Rock in Rio e o Rio Innovation Week, além da campanha Plantando Carnaval, que alia blocos carnavalescos a ONGs para reflorestar áreas degradadas.
Segundo Almeida, a medição de impacto é a “bússola” que orienta empresas na convergência entre propósito e resultado econômico. Ele também apresentou novas ferramentas voltadas ao engajamento individual, como uma calculadora de pegada de carbono para pessoas físicas.
As discussões ressaltaram o papel das pequenas e médias empresas, responsáveis por grande parte da economia e impacto social no Brasil, mas que ainda enfrentam desafios para medir e comunicar seus resultados socioambientais. Obstáculos como falta de conhecimento, recursos e apoio institucional foram apontados como entraves comuns.
Os participantes defenderam que sustentabilidade seja encarada como decisão estratégica, gerando resiliência e atraindo investimentos.
Também foram debatidas alternativas de políticas públicas e tributação que incentivem empresas de propósito. Outro ponto central foi a educação: integrar impacto e propósito aos currículos de administração e negócios é visto como fundamental para formar novas lideranças.
Construção coletiva
Além de Colin Mayer, compartilharam suas visões Camila Aloi (Rede Academia ICE), Inessa Salomão (Observatório), Susana Carrillo e Geiza Rocha (Rio de Impacto), que conduziu a sessão de perguntas e respostas. Com interpretação simultânea em inglês e espanhol, feita por alunos da PUC-Rio, o evento reforçou a importância do diálogo internacional e da cooperação sul-sul.
Encerrando o debate, os organizadores enfatizaram que o fortalecimento de ecossistemas de impacto depende da colaboração entre universidades, empresas, governo e sociedade civil. “A centralidade do propósito e a transparência sobre resultados e aprendizados são chaves para inspirar mudanças em todos os setores”, resumiu a mesa final.
Para assistir o evento na íntegra, acesse o YouTube do Rio de Impacto.